Viajar sozinho sempre pareceu uma ideia arriscada.
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Muitas pessoas me perguntavam: “Você não vai se sentir solitário?” ou ainda “E se algo der errado?”.
No início, essas dúvidas me deixavam inseguro. Entretanto, algo dentro de mim dizia que eu precisava partir.
Não apenas para conhecer novos lugares, mas também para descobrir quem eu era fora da minha rotina, dos meus círculos sociais e da minha zona de conforto.
Por isso, um dia qualquer, sem muito planejamento, fechei a mochila, comprei uma passagem simples e fui.
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A decisão que muda tudo
Antes de tudo, quero dizer que essa viagem não nasceu de uma vontade de fugir.
Pelo contrário, nasceu de um desejo profundo de me encontrar.
Afinal, depois de anos vivendo de acordo com expectativas externas, comecei a perceber que eu mal me escutava.
Sempre havia um motivo para adiar esse sonho: trabalho, contas, compromissos, medo.
No entanto, chegou um ponto em que adiar deixou de ser uma escolha. Era agora ou nunca.
Então, fui. Escolhi um lugar simples, barato, tranquilo.
Um vilarejo com pouco sinal de celular, muitas montanhas e um clima que pedia casaco e reflexão.
Na mala, levei poucas roupas, um caderno e a vontade de me escutar sem interferência.
Os primeiros dias: desconforto e aprendizado
Logo que cheguei, o silêncio me incomodou.
Acostumado ao barulho da cidade e às notificações constantes, estranhei o som do vento e dos passarinhos.
Além disso, a ausência de internet me obrigou a olhar para dentro.
A princípio, tentei me distrair.
Caminhei sem rumo, comi em restaurantes vazios, sentei em praças sem fazer nada. Contudo, aos poucos, a sensação de vazio foi sendo preenchida por uma tranquilidade inédita.
Aliás, foi exatamente nesse silêncio que comecei a escutar pensamentos que antes se perdiam no ruído da rotina.
Pensamentos sobre quem eu era, o que eu queria e para onde estava indo.
Não surgiram respostas imediatas, claro. Mas, naquele cenário novo, as perguntas fizeram mais sentido.
Encontrar beleza nos detalhes
Ao caminhar sem pressa, reparei em coisas simples: o cheiro do café passado na hora, o sorriso dos moradores locais, a textura das pedras no caminho.
Por incrível que pareça, comecei a viver com mais presença. Não precisava de grandes atrações.
Cada detalhe ganhava importância.
Por exemplo, uma tarde sentei à beira de um rio.
Não havia ninguém por perto.
Apenas a água correndo e o sol esquentando meu rosto.
Antes da viagem, eu teria olhado o relógio, respondido mensagens, pensado nas pendências do dia seguinte.
No entanto, naquele momento, eu só respirava.
Dessa forma, fui entendendo que a vida acontece nos detalhes.
E que, para percebê-los, é preciso estar inteiro.
O valor dos encontros casuais
Embora eu tenha viajado sozinho, nunca me senti isolado.
Em albergues, cafés, trilhas e feiras, conheci pessoas com histórias incríveis.
Gente que também buscava algo, que também carregava dúvidas, que também escolheu partir para se reencontrar.
Essas trocas me ensinaram muito.
Certa noite, por exemplo, conversei com uma senhora chilena que viajava há anos com uma mochila e um violão.
Ela me contou sobre perdas, amores, cidades e descobertas.
No final da conversa, ela me disse: “A gente sempre acha que precisa de respostas, mas às vezes só precisa de coragem para fazer as perguntas certas.” Essas palavras ficaram comigo.
Além disso, percebi que quando estamos abertos, o mundo responde.
Por isso, cada pessoa que encontrei virou parte da minha jornada.
Erros que viram histórias
Naturalmente, nem tudo deu certo. Já errei o caminho, perdi ônibus, comi algo que me fez mal.
No entanto, cada situação trouxe um aprendizado. Em vez de reclamar, aprendi a rir de mim mesmo.
Afinal, viajar sozinho exige jogo de cintura. Você não pode depender de ninguém. Precisa resolver, improvisar, confiar.
Uma vez, por exemplo, me perdi no meio de uma trilha.
O mapa não ajudava, o sinal do celular havia sumido, e eu comecei a me desesperar.
No entanto, respirei fundo, voltei alguns passos e tentei outro caminho.
Deu certo. E, ao encontrar a saída, senti uma alegria enorme.
Não só por ter me reencontrado no espaço, mas por perceber que eu podia confiar em mim.
Portanto, entendi que os erros fazem parte, Mais do que isso, eles enriquecem a experiência.
Fonte de informação: Autoria Própria