Em dezembro de 2021,o Prêmio Goldman e os seis grandes redes de supermercados europeias decidiram suspender por tempo indeterminado as vendas de produtos da gigante brasileira de carne bovina JBS.
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Afinal a proibição foi anunciada após uma investigação da Reporter Brasil.
Sendo assim uma organização não governamental internacional, Mighty Earth, que liga os produtos JBS vendidos na Europa ao desmatamento, uma das preocupações mais urgentes do Brasil, inclusive na floresta amazônica.
O jornalismo revelou que os frigoríficos brasileiros compravam gado de áreas de abate ilegal através de fornecedores indiretos num esquema.
No dia 29 de abril, o secretário-geral da Reporter Brasil, Marcel Gómez, ganhou o Prêmio Goldman Ambiental 2024 por liderar este esforço investigativo.
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“É ótimo receber o prêmio de jornalismo e ver esta área de conhecimento reconhecida”, disse Gomez à Mongabay por telefone.
“Este trabalho investigativo requer muito planejamento e comprometimento, estratégia e implementação ao longo dos anos”.
Outros cinco prêmios Goldman foram anunciados para seis ativistas: Alok Shukla, da Índia; Andrea Vidare, dos Estados Unidos; Murrawah Maroochy Johnson, da Austrália; Teresa Vicente da Espanha; e Nonhle Mbutuma e Sinegugu Zukulu, da África do Sul.
O trabalho premiado do Reporter Brasil começou em 2017 com a construção de uma plataforma própria, referenciando diversas informações sobre a cadeia da pecuária – penalidades ambientais, restrições, trabalho escravo e orientações para transporte de gado entre fazendas fornecidas por órgãos públicos.
Lei de Acesso à Informação (LAI). Gomes disse que a ferramenta criada pelo Reporter Brasil ajudou a conectar a pecuária brasileira às questões sociais e ambientais.
“Construímos do zero uma plataforma rica em dados para cruzar e acelerar a cadeia de dados.
Agora, essa ferramenta está ajudando organizações no Brasil e no mundo, incluindo outros grupos de jornalismo, a produzir reportagens investigativas com mais rapidez”, disse o vencedor do Goldman 2024 .
Todos os olhos na JBS
Além de provocar um boicote à carne bovina da JBS por parte de supermercados na Bélgica, França, Holanda e Reino Unido, a investigação da Reporter Brasil aumentou a pressão sobre a pecuária ilegal, especialmente por sistemas de rastreamento mais eficazes.
O setor de exportação de carne bovina do Brasil é o maior do mundo, respondendo por 20% do comércio global.
O país tem 215 milhões de cabeças de gado, mais de dois terços das quais pastam na Amazônia e no Cerrado, áreas onde a pecuária é uma das principais causas do desmatamento.
O cerco às operações da JBS se intensificou depois que a gigante brasileira da carne bovina, liderada pela Reporter Brasil e Marcel Gómez.
Revelou que comprou quase 9 mil cabeças de gado de fazendas pertencentes a um grupo de desmatadores florestais.
“O trabalho do Reporter Brasil tem ajudado a pressionar empresas e autoridades governamentais no Brasil e no exterior a monitorar as atividades da JBS e de outras grandes empresas”, disse Gomez.
“O governo brasileiro reconhece a importância da rastreabilidade da cadeia da carne bovina e abriu um diálogo para construir um sistema de rastreabilidade público e transparente focado principalmente em fornecedores indiretos”.
A investigação premiada do Goldman 2024 faz parte das evidências de corrupção e desmatamento citadas por grupos ambientalistas que se opõem à oferta da JBS de ser listada na Bolsa de Valores de Nova York.
Organizações sem fins lucrativos
No ano Em 2023, várias organizações sem fins lucrativos, incluindo a Mighty Earth.
Enviaram uma carta à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos pedindo que a oferta pública inicial do frigorífico brasileiro fosse investigada e rejeitada.
Segundo ambientalistas, grandes investimentos poderiam levar à expansão das operações da JBS, levando a mais desmatamento no Brasil.
No ano Em fevereiro de 2024, a procuradora-geral de Nova York, Letitia James.
Entrou com uma ação judicial contra a JBS USA Food Company e a JBS USA Food Company Holdings sobre os planos para atingir zero emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2040.
Afinal a ação citou vários casos nas declarações públicas da empresa.
Incluir cálculos de emissões que incluam o desmatamento na floresta amazônica não corresponde à realidade.
Jornalismo fortalecido
Afinal aos 45 anos, Marcel Gomes lidera as equipes de investigação e pesquisa da Repórter Bras.
Uma organização sem fins lucrativos que há mais de duas décadas monitora.
Identifica e denuncia violações de direitos humanos, trabalho escravo e crimes ambientais associados a importantes cadeias produtivas.
Segundo o jornalista, a Repórter Brasil estendeu seu método de investigação da carne brasileira premiado para outras cadeias, como café, soja e de confecção.
“O jornalismo investigativo enfrenta muitas dificuldades.
Com as redações cada vez menores, poucos jornalistas têm o luxo de dedicar tempo a longas investigações”, disse Gomes.
“Precisamos fortalecer as organizações de jornalismo investigativo, promover parcerias entre diferentes veículos em busca de novas histórias e melhorar o acesso a dados públicos”.
Maia Fortes, da Ajor, concorda.
“Essa premiação não apenas incentiva o trabalho dos premiados.
Mas também impulsiona a discussão pública sobre o tipo de jornalismo que a sociedade brasileira deseja fortalecer”.
Fundado há 35 anos, o Goldman Environmental Prize, também conhecido como “Nobel Verde”, é a principal homenagem do mundo para ativistas ambientais. Marcel Gomes é o quinto vencedor brasileiro.
Afinal a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Brasil, Marina Silva, recebeu o prêmio em 1996.
Sendo assim no ano passado, o Goldman premiou Alessandra Korap Munduruku por sua luta contra a mineração ilegal.
Fonte de informação: brasil.mongabay.com